claudemir pereira

Menos candidatos e seus efeitos: debate qualificado e importância dos militantes

Claudemir Pereira

Por essa, poucos esperavam. Este analista, inclusive, imaginava que a proibição das alianças proporcionais levaria inevitavelmente os partidos, especialmente os médios, a não mais se aliar a outro na eleição para a prefeitura e partir para um caminho solo. Tudo para fortalecer as chapas ao Legislativo.

Engano. Os partidos, mesmo com os riscos, preferiram, mais até que em pleitos anteriores, se escorar em outras opções e partir para a briga por vagas na Câmara sem um "puxador" de votos. O resultado ainda não se sabe. Se boa ou não a estratégia, os números da eleição é que vão dizer.

De todo modo, duas consequências são óbvias. A primeira é a possibilidade de um debate mais aprofundado das questões da cidade, por seis preparados concorrentes. A menos, claro, que se esquivem e prefiram (tomara que não) só a disputa rasa pelo voto dos cidadãos.

A outra é a óbvia, não obstante as dificuldades pandêmicas, importância dos militantes. Dos que, mesmo limitadamente, levam a mensagem ao eleitorado. Esse espaço tem apresentado, ao longo dos últimos meses, um retrato numérico desta militância.

Mesmo que restrita - e os partidos ainda tentam descobrir meios para driblar os evidentes óbices de movimentação -, a campanha não prescindirá dos adeptos. Eles ainda são fundamentais.

No total, as 31 siglas com vida legal na cidade contam com 27.017 alistados, conforme informações do Tribunal Superior Eleitoral referentes a agosto. Os nomes dos candidatos a prefeito e vice são, agora, oficiais. Ainda pode ocorrer um ou outro acréscimo, mas não será relevante para o conjunto. Então, confira a quantas anda o "exército" de cada uma das seis dobradinhas, aqui dispostas em ordem alfabética, pelo cabeça de chapa:

  • Evandro de Barros Behr e Carla Kowalski (Cidadania) - Cidadania (478 filiados) e DC (80). No total, 558 militantes.
  • Jader Maretoli e Maria Helena Ramos (Republicanos) - Republicanos (695 filiados) e PSC (84). No total, 779 militantes.
  • Jorge Pozzobom (PSDB) / Rodrigo Décimo (PSL) - PSDB (2.162 eleitores), PSL (372), DEM (1.558), Podemos (117) e PTB (1.937). No total, 6.146 militantes.
  • Luciano Guerra (PT) / Marion Mortari (PSD) - PT (6.842 filiados), PSD (653). No total, 7.495 militantes.
  • Marcelo Bisogno (PDT) / Fabiano Pereira (PSB) - PDT (2.720 filiados), PSB (837), PC do B (354), Rede (52) e PV (58). No total, 4.021 militantes.
  • Sérgio Cechim (PP) / Francisco Harrisson (MDB) - PP (2.944 filiados), MDB (3.594), PL (735), Solidariedade (96), PRTB (15), Patriota (9), Avante (16) e PROS (83). No total, 7.492 militantes.

Em tempo: os times de Pozzobom e Cechin ainda disputam Podemos e Avante - e eles foram incluídos aqui nas alianças em que se encontravam no fechamento da coluna.

O crescimento (e o perigo) das "fake news" na campanha
Na eleição de 2016, o fenômeno foi restrito. Raros casos. Um, porém, chamou a atenção. Militante de determinada aliança publicou, nas redes sociais, falsa pesquisa eleitoral, com percentuais que colocavam ilegitimamente o seu candidato na dianteira.

Houve pronta reação, execração pública, ação das autoridades e, como resultado, afora a derrota do "beneficiado", o adepto sumiu da internet. Um caso claro de "fake news", expressão e fato que apenas se esboçavam no horizonte dos cidadãos e das disputas eleitorais.

Passados quatro anos, a situação atingiu, em nível nacional, um dramatismo extremo, em que todos os lados amaldiçoam mas que, uns mais outros menos, praticamente a unanimidade vê seus aliados utilizando esse ignóbil instrumento de campanha. A diferença, se é que isso pode ser dito, é que há maior sofisticação.

Nos últimos dias, por exemplo, Santa Maria assistiu a um exemplo do novo método. Qual? Não desconhecer a notícia, mas distorcê-la, de maneira a enganar o eleitor ou, no mínimo, solidificar os laços com o próprio eleitorado. A ponto de, mesmo diante da descarada manipulação do fato, encontrar argumentos para defender algo que não existe - por que isso convém à torcida.

Do ponto de vista político, incrivelmente faz sentido. Já no que toca à questão eleitoral, há controvérsia. Afinal, se alguém quer virar prefeito, não basta ser candidato da família (no sentido do próprio grupo); será preciso ter votos também nos demais atores sociais.

A tendência, pelo que já é possível observar, é de crescimento desse nefasto fenômeno. Organizadores (Justiça) e fiscalizadores (Ministério Público) do pleito precisam ficar atentos. Do contrário...

Problemas a serem resolvidos antes do início de tudo

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Jaqueline Silveira (Arquivo/Diário)

Há duas semanas, a coluna trouxe casos de tretas a ser resolvidas pelas mais notórias alianças montadas para o pleito. De lá para cá, ao menos na aparência, tudo se resolveu, pois as convenções acabaram por confirmar os pré-candidatos que se anunciavam então.

A parte as brabezas que, como o colunista soube, se instalaram em no mínimo uma das alianças, e que foram afastadas por líderes mais democráticos e que entendem o trabalho da mídia, é fato que arestas foram aparadas. No entanto, algumas ainda persistem.

Só que, agora, o tempo se esgota. Afinal, em exata uma semana, inicia a campanha oficial. E qualquer dissenso será tempero para a intriga interna e aproveitamento dos adversários.

Assim é que, gostem ou não, e descartando as dobradinhas de um partido só, como Republicanos e Cidadania, todas as demais precisam tratar das dores antes que a doença se instale. Ou alguém imagina que sorrisos vistos nas convenções podem ser sinal de acordo total?

Quatro exemplos, de casos mais evidentes: o pré-lançamento, dias antes da convenção, de candidato a vice próprio do PDT é algo normal e, portanto, já superado? E a decepção do DEM, que não viu seu nome emplacado como vice da chapa liderada por Jorge Pozzobom, também está resolvida?

E mais: a ronha do PT dito "raiz", inconformado sobretudo com a aliança formada, foi domada? E a crise envolvendo supremacia de um em detrimento de outro e o distanciamento decorrente, na união PP/MDB, está resolvida?

Em sete dias essas questões, se não tiverem resposta, comprometerão a campanha inteira. Pode apostar.

LUNETA

TRIMMM!!!
Com as aglomerações proibidas e escasso tempo no rádio e na TV, sem falar no pouco troco e outras formas de campanha vetadas pela lei, o que sobrará aos candidatos deste ano da graça de 2020? Há quem diga que a gloriosa invenção de Graham Bell será "carro-chefe" da busca pelo voto. O uso do telefone por cabos eleitorais pode ser o grande instrumento para atração do eleitor. A conferir.

DEBATES
Não se sabe ainda como acontecerão os debates, assim que a campanha eleitoral for oficialmente aberta, no próximo sábado, 26. Mas há quase uma certeza: o número de concorrentes limitado a seis, menor que nos últimos pleitos, pode permitir discussão mais profunda sobre temas da cidade. Essa, ao menos, é a tese, pois a garantia do confronto de ideias dependerá, sobretudo, dos próprios candidatos.

...E A RESPOSTA
Uma pergunta que não quer calar: por que a Assembleia Legislativa gaúcha não realiza sessões presenciais desde o início da pandemia, mesmo que as votações sejam muito importantes, enquanto a Câmara de Vereadores de Santa Maria faz de tudo e mais um pouco para evitar as reuniões virtuais? A resposta possível: não tem eleição para deputado estadual neste ano. Ah, tá. Então é isso? Será?

REITORIA

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Foto: Renan Mattos (Diário)/

O episódio da indicação, nesta semana, do terceiro da lista tríplice enviada para Brasília, para assumir a reitoria da UFRGS, agitou também o ambiente nos campi da UFSM. Afinal, no próximo ano é na instituição santa-mariense que ocorre o processo eleitoral que redundará no substituto do atual reitor, Paulo Burmann (foto). Há bolsonaristas ilustres suspirando para ser incluídos na lista, o que poderia ser garantia de nomeação.

PARA FECHAR
É, ao mesmo tempo, palpite e convicção: o prefeito Jorge Pozzobom, pressionado por fundamentalistas a vetar o projeto da edil Luci Duartes, que criou o Programa Diversidade nas Escolas, utilizará de uma prerrogativa legítima e, ao fim do prazo, se calará. Com o que a pressão será inócua e a Câmara de Vereadores será obrigada a promulgar a lei que aprovou. E ponto.

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